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Mostrando postagens de janeiro, 2012

O anjo das ruas

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"Perdido" como é conhecido nas ruas -Pelotas-RS- é cuidador de carro em uma das principais ruas do centro da cidade. Com nome de anjo, Miguel Gabriel, puro de coração e alma ele se diz fraco por ser usuário de crack há 2 anos. Diz trabalhar em "seu ponto" a mais de 4 anos, "sou respeitado, todos me conhecem e trabalho todos os dias na companhia da Preta" (sua cadela fiel companheira que cuida de seus pertences). Hoje mais uma fez me senti tocado ao ver o meu vizinho preparando sua cama (de papelão) em frente ao condominio onde moro e perguntei- Eai você está precisando de algo? ele respondeu " uma água tá bom". Como já havia feito outro dia, entrei em casa e preparei um suco, uma refeição p/ janta e escolhi um traje para que ele colocasse ao dormir e outro para "trabalhar" no outro dia cedo cuidando "seus" carros. Também aproveitei e fiz o convite para que ele vá a uma reuniao de mútua-ajuda. Atravesei a rua e fiquei por volt

Durmo Acordo

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No lugar do sonho Eu tive um sono pesado Acordei e vi que ontem Se despedia de amanhã Continua tudo escuro Desde a hora que eu dormi Eu não tenho com quem falar Todos estão dormindo Não querem saber de mim De mim de mim No silêncio Eu deixo o pensamento na janela Mas as ruas estão cheias de ninguém Meu abajur iluminou Mas agora é só o facho Do palco iluminado Que é o dia nascendo confira o vídeo

Aprender a viver de novo

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"Aprendemos novos modos de viver. Não mais estamos limitados às nossas velhas ideias." Quando éramos crianças, podem ter-nos ensinado, ou não, o que é certo e errado, a par de outras coisas básicas da vida. Seja como for, quando entrámos em recuperação, a maioria de nós tinha apenas uma ideia vaga de como viver. O nosso isolamento do resto da sociedade levou-nos a ignorar as responsabilidades humanas básicas e a desenvolver capacidades estranhas de sobrevivência, para lidar com o mundo em que vivíamos. Alguns de nós não sabiam como dizer a verdade; outros eram tão francos, que magoavam todas as pessoas com quem falavam. Alguns de nós não conseguiam lidar com o mais simples dos problemas pessoais, enquanto que outros tentavam resolver os problemas do mundo inteiro. Alguns de nós nunca se irritavam, mesmo quando eram tratados injustamente; outros refilavam contra tudo e todos. Sejam quais forem os nossos problemas, seja qual for a sua gravidade, todos nós temos uma opo

Descobri

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Fui um escravo dos meus condicionamentos, do fatalismo, das psicoses, aprisionado psicológica e sentimentalmente no casulo do meu egoísmo. Os 12 passos deu-me coragem de encarar minha verdade interior e, por meio disso, tornar-me livre, superior aos meus próprios erros, aproveitando-os como experiência e motivação para as próximas 24 horas. Prepotente e orgulhoso, relutava em aceitar-me como neurótico. A neurose conduzira-me para a falência moral, espiritual e transformara-me em lixo humano. A revolta se fazia presente em meu emudecido e solitário grito de dor! Porém, com o passar do tempo, meu orgulho foi cedendo, as muralhas se desfazendo e a luz da razão se infiltrando, tocando levemente meu coração, oferecendo espaço para o despertar da humanidade. Descobri em " recuparação ", desnudada a prepotência, um Programa de amor e aceitação, o qual me foi ensinando a pensar e, pensando, reconheci que os defeitos estavam em mim e que as perdas foram conseqüên

A marcha de abertura do FST -2012 e o último desejo de Paulo Freire..

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Trechos da Ultima Entrevista de Paulo Freire. Dia 17 de Abril de 1997 Paulo Freire deu sua última entrevista a Luciana Burlamaqui onde ele fala com tamanha clareza e simplicidade sobre as marchas. "... Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio em seu tempo histórico de marchas. Marcha dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marchas dos que querem amar e não podem, marcha dos que recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser." "...Eu acho que as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo ...O meu desejo, o meu sonho como eu disse antes é que outras marchas pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente nesse pais. Essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade, e querendo democratizar-se." "Eu estou absolutamente feliz por estar vivo ainda e ter acompanhado essa marcha (Marcha dos sem terras) que como outras marchas históricas revelam o ímpeto da vontade am

Perseverar é preciso

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Os homens que fizeram história não desistiram no meio do caminho Quando o assunto é perseverança, lembro-me de algumas lições que aprendi quando ainda era criança. Como morava em sítio distante da cidade, costumava caminhar muito e era normal fazer até viagens mais longas a pé. Por isso, era preciso sair de casa bem cedo para evitar o sol forte durante a caminhada. Recordo-me, por exemplo, de quando iámos em família visitar minha avó. Tudo era festa, eu e minhas irmãs, também crianças, vivíamos com expectativa a preparação para essa viagem que tinha sempre data marcada com antecedência. Junto com a nossa mãe, pensávamos em tudo, inclusive nas coisas gostosas que iríamos comer, nos primos que nos esperavam para brincarmos juntos, etc. Ainda sinto o cheiro do orvalho daquelas manhãs de verão, os primeiros raios do sol nos enchiam de força e alegria para começar a viagem. Mas o interessante é que a empolgação, que trazíamos no início do trajeto, aos poucos ia se desvanecendo e logo começa

Porque temos a tendência de criticar os outros?

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Se me perguntassem, alguns anos atrás, diria: “Não gosto de críticas. Faço-as simplesmente por haver razões para tal. Como não criticar, se está tudo errado?” Hoje, vejo que, na realidade, sinto um certo prazer em criticar. Dá prazer perceber as falhas e deficiências dos demais. Os sentimentos de rejeição, revolta, mágoa ou decepção provocam em mim a vontade de criticar. O egoísmo e o orgulho são os principais fatores que determinam as reações emocionais em mim. Quando a falha do outro interfere em meus interesses, surgem o medo e a revolta. Quando tal erro em nada me afeta, vêm o prazer e o menosprezo. Nesse caso a crítica que faço visa colocar-me numa posição de superioridade. Por isso mesmo sou tentado a críticas quando não existe a razão. O 4º passo pode ser um instrumento básico, pois quando nos dispomos a utilizar o senso crítico voltado para nós mesmos descobrimos o quanto somos falsos. Todo mau caráter é incapaz de uma crítica ponderada, honesta e objetiva.

Tempestades em copos de água

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"Quando paramos de viver no aqui e no agora, os nossos problemas são aumentados exageradamente. " Texto Básico, p. 111 Alguns de nós fazem de pequenas coisas um grande problema. Mesmo aqueles de nós que encontram alguma serenidade já terão provavelmente exagerado um problema em dado momento da sua recuperação - e se ainda não o fizeram, irão provavelmente fazê-lo em breve! Quando nos encontramos obcecados com uma complicação nas nossas vidas, faremos bem em relembrar-nos de tudo o que vai bem. Talvez tenhamos medo de não podermos pagar as nossas contas no fim do mês. Em vez de nos sentarmos com uma calculadora, a somar vez após vez todas as nossas dívidas financeiras, podemos ver o que temos feito para reduzir as despesas. No seguimento deste mini-inventário, prosseguimos a tarefa e lembramo-nos de que enquanto estivermos a fazer um esforço, um Poder Superior amantíssimo cuidará das nossas vidas. Por vezes surgem problemas do tamanho de montanhas, mas não precisamos

O momento certo

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Se você espera a hora certa de agir, o momento em que todas as condições sejam ideais, quando suas chances de sucesso estejam garantidas, esse momento nunca chegará. As circunstâncias nunca são perfeitas. Sempre haverá inúmeras razões para não agir. Ainda assim, se algo deve ser feito, terá de ser sob circunstâncias menos que perfeitas. Quando você aceita o fato de que nunca haverá um momento perfeito, então todos os momentos são perfeitos. As circunstâncias, quaisquer que elas sejam, funcionarão em seu favor se você trabalhar sem se importar com elas. As condições desfavoráveis, do jeito que estão, podem ser superadas. O momento atual não é perfeito, mas é o que temos para trabalhar. Ou você o usa, ou o perde para sempre. Agora não é o momento perfeito, mas é o momento certo para começar a lutar pelos seus ideais. Faça isso agora ou arrependa-se depois.

Flexíveis

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"Aprendemos a tornar-nos flexíveis ... À medida que novas coisas são reveladas, sentimo-nos renovados." Texto Básico, p. 113 A palavra "flexibilidade" não fazia parte do nosso vocabulário quando usávamos. Tínhamo-nos tornado obcecados com o prazer cru das nossas drogas, fechando-nos aos prazeres mais doces, subtis, e infinitamente mais variados, do mundo à nossa volta. A nossa doença tinha tornado a própria vida numa ameaça constante de prisões, instituições, e morte, uma ameaça que nos fazia endurecer ainda mais. No fim tornámo-nos frágeis. Bastou o mais pequeno sopro do vento da vida para que acabássemos por ruir, quebrados, derrotados, sem escolha senão rendermo-nos. Mas a maravilhosa ironia da recuperação é que, na nossa rendição, encontrámos a flexibilidade que havíamos perdido na nossa adicção, e cuja falta nos havia derrotado. Recuperámos a capacidade para dobrar perante os ventos da vida sem quebrar. Quando o vento soprava, sentíamos a sua doce carícia de en

Nunca desista

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Depois de longos e duros 16 anos enfraquecido, num caminho sem volta encontrei uma saída: "a vida". Foi quando vi que tinha perdido toda a alegria e a noção da hora de chegar. Notei que era hora de partir para uma melhor, mas para isso precisava parar apenas. Uma decisão que nada mais é do que a conversão das informações em ação, assim sendo, a ação tomada com base na apreciação de informações. Decidi recomendar entre vários caminhos alternativos que me levaram a um determinado resultado. Esse caminho trilhado foi duro e árduo, porém, gratificante, válido e muito pertinente. Me trouxe novos horizontes com milhares razões de querer realmente viver. Para isso foi preciso escutar e acreditar "que um outro mundo era possível" e dar o primeiro passo que foi a rendição. Pedi ajuda para as pessoas que não só sempre me ajudaram, e que também todos dias me perguntavam: "Tem certeza que você não quer ajuda?". Minha prepotência, arrogância, total falência mental, fís

Guerra contra o crack ainda está sendo perdida

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A luta contra o crack ainda não está sendo vencida pelas autoridades, admitiu na ultima quarta-feira (28) a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Mikki. Ela acompanhou o trabalho das equipes da prefeitura carioca e da polícia em mais uma operação de acolhimento e combate à droga, pela manhã, na cracolândia da Favela do Jacarezinho, na zona norte da capital fluminense. Ela adiantou ainda que no dia 4 de janeiro ocorrerá um encontro, na capital fluminense, entre representantes dos três níveis de governo para discutir a questão do crack. “É preciso que nesse encontro as autoridades reconheçam que todos ainda estão perdendo essa guerra contra o crack. Não podemos jamais perder a indignação e precisamos, cada vez mais, pactuar nossas forças para enfrentarmos o problema juntos”, disse. Regina Mikki elogiou o trabalho desenvolvido pela prefeitura do Rio, mas ressaltou que são necessárias algumas mudanças. “As iniciativas adotadas pelo Rio são plausíveis e, como qualqu

Travesseiros em 2012

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Contar os dias para as férias é sinal que temos atividade e isso é muito bom. Admitir que existem aqueles dias em que “o mundo conspira contra a gente”, faz parte de uma vida que não é imaginária e nos traz as saudosas crises de uma adolescência ricas em emoções e aprendizagens. Quando e (se) b ater na mesa, perder as estribeiras e falar como se as razões fossem somente tuas, aproveita o susto da reação e reavalia a importância do diálogo. Chorar no travesseiro vai deixá-lo molhado e isso é ruim, mas é só virar para o lado seco e deixar para resolver os problemas – que às vezes parecem insolúveis - usando o amanhecer, não porque é dia, mas porque é OUTRO dia. Fazer coisas somente para agradar os outros sem uma pontinha de querer, pode transformar as ações em desrespeito a nós mesmos. Perguntar para alguém como está pressupõe querer saber, caso não seja, diz ”OI” ou não diz. A gente sabe quando um cumprimento é mera formalidade ou quando é interesse real. (Esta etapa é difíci